segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nova Base de Dados sobre Avaliação do Impacto Social lançada nos Estados Unidos

O Foundation Center, organização norte-americana líder na pesquisa e organização da informação sobre filantropia e investimento social privado , anunciou o lançamento beta (versão não definitiva) da base de dados Tools and Resources for Assessing Social Impact – TRASI - (Instrumentos e Recursos para Avaliar o Impacto Social).

Concebida por um conjunto de organizações com preocupações e actividade no âmbito das mudanças sociais, incluindo investidores sociais, fundações, ONG, instituições de microfinança, entre outras, a base de dados TRASI apresenta uma lista de 150 formas possíveis de medir e analisar o impacto social de programas e investimentos. Quanto aos recursos contidos nesta Base de Dados, podem encontrar-se metodologias e instrumentos concretos, como também informação sobre as melhores práticas neste âmbito.

O lançamento oficial está previsto para a Primavera de 2010. Os interessados em participar e/ou acompanhar o projecto poderão inscrever-se em http://foundationcenter.org/trasi/

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Da Filantropia ao Investimento Social Privado: o Caso Brasileiro...


foi o título da conferência de Marcos Kisil (na foto), Presidente do IDIS - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Brasil), no dia 9 de Novembro, na sede do Centro Português de Fundações, em Lisboa, numa iniciativa conjunta com a Fundação Inatel.
Depois de uma breve contextualização da situação de crise económica e social vivida do Brasil, agravada pela crise mundial, o especialista convidado fez notar a tendência de mudança de perspectiva do investimento privado brasileiro, que - á semelhança do que se verificou também nos Estados Unidos, na América Latina e começa a verificar-se na Europa – se revela mais socialmente consciente, mostrando preocupação com as questões sociais e empenho na sua resolução, apresentando sinais de crescimento mas também alguns constrangimentos.
Nesta conjuntura de crise económica e financeira mundial, tornou-se mais óbvia a incapacidade de resposta do sector público para os problemas sociais crescentes. Para lhes fazer face, tem-se verificado um boom no aparecimento de organizações da sociedade civil (OSC), que, conscientes da sua quota-parte de responsabilidade social, se propõe complementar os apoios do Estado no combate a estes problemas. Assiste-se então a uma mudança de atitude por parte dos investidores, que, mais preocupados com a eficácia social do seu investimento, adoptam conceitos como “empreendedorismo económico e social” e “investimento social”, provocando uma mudança nas políticas filantrópicas, que tendem a passar de “caritativas, paternalistas e com baixo impacto social” a “investimentos sociais, que visam resultados, impacto social e mudam o status quo”.
Traçando o perfil dos “novos investidores sociais” brasileiros, verificou-se que estes se tornaram mais exigentes, procurando saber porque investem, o que podem esperar do investimento e qual a taxa de retorno prevista, bem como qual o tempo de maturidade e quais os riscos envolvidos em cada aplicação de fundos.
Por outro lado, o investimento social passou a ser encarado como qualquer outro investimento, e, nessa perspectiva, só é considerado um bom investimento se for catalisador (abreviar resultados), provar ser uma alavanca (atraindo novos parceiros), for inovador (ocupando um novo “nicho”), gerar liderança (apresentando novas ideias, novas práticas), provocar mudanças sustentáveis e, também, se for susceptível de influenciar as políticas públicas.
Conscientes da necessidade de equacionar todas estas variáveis, os novos investidores sociais brasileiros têm vindo a alterar o seu comportamento em alguns aspectos, designadamente passando a investir mais nos sectores social e ambiental, integrando redes de aprendizagem (por exemplo, RedeAmérica, Todos Pela Educação), exigindo maior profissionalismo no sector, procurando mais parcerias (co-funding), participando cada vez mais no desenvolvimento local (envolvimento na comunidade) e recorrendo ao uso de planeamento e avaliação.


A concluir, Marcos Kisil afirmou que, se existem factores favoráveis ao investimento social no Brasil, como a globalização dos negócios, a Influência dos movimentos em prol da “sustentabilidade” e da “responsabilidade social”, o valor agregado - não tangível - de associar os investidores a determinadas causas sociais ou a possibilidade de investir em organizações inovadoras, também são identificáveis algumas ameaças a esse investimento, nomeadamente os baixos incentivos fiscais aos doadores, uma administração pública com fraca possibilidade de oferecer serviços em quantidade suficiente e com qualidade, ou, no caso específico brasileiro, um governo populista que muitas vezes faz uso político das OSC, com a consequente perda de credibilidade do sector.